
O que é o silêncio?
Apenas a ausência dos sons?
A falta de ruídos?
O silêncio é concreto ou abstrato? Necessário ou indesejado?
O silêncio não apenas nos cobre, mas nos invade. Toma nossa alma e a faz refém.
Não da calma, mas da calmaria que antecede a tempestade.
Não do sol que aquece, mas do calor que abrasa e destrói.
O silêncio pode ser a companhia ideal em certas situações, mas pode ser o opressor que tortura em tantas outras.
Quando resulta do abandono, do descaso, da solidão dolorida de uma ausência, o silêncio é dor, faz sangrar.
Na madrugada é bem-vindo, mas nos domingos é aflitivo.
Na hora da oração é necessário, mas na hora na qual deveria haver cantos e alegria, é cruciante.
A saudade é feita de longos e cruéis silêncios.
Quantas vezes o silêncio é torturante, mais ensurdecedor do que qualquer barulho.
O silêncio é a foto que congela as ondas do mar sem seu canto, as águas tombando na cachoeira sem seu estrondo, a alegria dos pássaros depois da chuva, sem sua algazarra…
Tão antagônico, tão contrário a si mesmo é o silêncio, e, neste exato momento, tão amado e tão dolorido para mim…
(Imagem: foto de Marina Maggioni)