
E, mais uma vezes nesta vida apaixonante de uma eterna apaixonada, novamente é Dia dos Namorados… tantas lembranças, tantas saudades…
Vou trazer, em revival, o que aqui postei, por esta época no ano passado, porque, para mim, nada mais romântico que uma carta de amor…
No dia dos namorados
Queria uma carta de amor
Uma carta escrita com carinho
Cheia de palavras de amor;
Que viesse em um papel delicado,
Com letra tremida de paixão,
Tinta carregada de ternura
E perfume de muita saudade.
Que aquecesse meu coração,
Alegrasse minha existência
E que me provocasse
Na boca um terno sorriso,
Enquanto dos olhos escorresse
Uma lágrima de emoção;
Trazida com muito cuidado
No bico de um rouxinol.
Mas se não puder mandar a carta
Se não gostar de escrever
Se não tiver esse papel, nem essa tinta
Se não souber essa letra e nem tiver
De emissário um rouxinol, não faz mal
Venha então pessoalmente
Para me dizer essas palavras
Com voz de muita paixão
E nos olhos muita ternura
Nas mãos não quero flores
Nem mesmo quero presentes
De nada que há em lojas eu preciso
Quero apenas mãos trêmulas de desejo
E um abraço que mate toda essa saudade.
e, para arrematar os três dias de romance, dois poemas, o primeiro de nosso Poeta da paixão
SONETO DO AMOR TOTAL
Não cante o humano coração com mais verdade
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente
É que um dia, em teu corpo, de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude

É ASSIM QUE TE QUERO, AMOR
Chegastes à minha vida
com o que trazias,
feita
de luz e pão e sombra, eu te esperava,
e é assim que preciso de ti,
assim que te amo,
e os que amanhã quiserem ouvir
o que não lhes direi, que o leiam aqui
e retrocedam hoje porque é cedo
para tais argumentos.
Amanhã dar-lhes-emos apenas
uma folha da árvore do nosso amor, uma folha
que há-de cair sobre a terra
como se a tivessem produzido os nosso lábios,
como um beijo caído
das nossas alturas invencíveis
para mostrar o fogo e a ternura
de um amor verdadeiro.
(Pablo Neruda)