Dans l’Histoire des temps la vie n’est qu’une ivresse, la Vérité c’est la Mort. ( L.-F. Céline)

Seria a morte apenas o reverso da vida? da mesma forma que o lado cara de uma moeda jamais poderá ver o lado coroa, a vida e a morte nunca se poderiam ver nem encontrar?
Ou a morte é a continuidade da vida em outro lugar, como acontece quando nos mudamos de cidade, e continuamos com a mesma vida, mas ao redor tudo se torna diferente?
A morte é apenas o fim da vida, ou o começo de outra existência, da mesma forma que a fase borboleta sucede a fase crisálida?
A vida só vai até a morte. E a morte, é para sempre?
O que é a morte? Ou melhor, o que é a vida?
O que vale mais a pena – viver ou morrer?
Tudo o que se faz na vida é provisório – o trabalho, o amor, a moradia, porque a morte virá. E na morte, tudo é definitivo?
Em um momento você está aí, hígido, alegre, trabalhando, pensando, comemorando. Daí a instantes, dentro do conceito tempo infinito, está morto, cremado ou enterrado em um caixão. Você só está vivo até morrer. Mas estará morto para sempre.
A vida, nesse conceito do infinito, seria, então um lampejo, um breve instante, porque todos passam mais tempo morto do que vivo.
Talvez a vida fosse, então, como um aperitivo, uma avant-première, para se ter uma ideia do que é viver. Porque, na verdade, estão, todos, sendo preparados para morrer.
E alguns sequer aproveitam essa prévia que nos é graciosamente concedida. Não vivem por medo de morrer.
Respiram o mínimo possível, comem o mais saudável possível, não bebem bebidas alcóolicas, não se entregam às paixões. Vivem apenas para se guardarem para a morte.
Ou nem vivem. Apenas esperam morrer. Alguns até se matam antes que morram.
Sem consciência de que todos morrerão, quantos passam a vida acumulando bens, sem aproveitar o que a vida lhes oferece, apenas pensando em aumentar patrimônio. Sem entender que tudo ficará nessa Terra, para favorecer quem nunca fez nada para ter o sacrifício de uma vida não vivida.
A vida é tão curta, tão frágil! Tem a duração e a resistência da chama de uma pequena vela. Começa a queimar no nascimento e não para até se extinguir na morte.
Como uma onda do mar, que se desfaz e desaparece logo que arrebenta e se torna visível com suas espumas. Ou uma nuvem, feita de nada, que o vento espalha e some no céu azul sem deixar vestígios.
Qualquer abalo, um mínimo sopro, e a chama se apaga. A vida se acaba subitamente. Não há meio de preservá-la ou prolongá-la.
Se somos tão diferentes no curso da vida, a morte nos iguala a todos.
Por isso, ame mais um pouco, apaixone-se mais intensamente, beba mais um copo, dê mais um sorriso.
Porque sempre pode ser o último.