Aos 09 de novembro de 1964 morria a poeta Cecilia Meireles. Poetisa única, deixou um legado de valor inestimável – uma mulher moderna, solitária, que escrevia com a alma, sobre o amor, a paixão, a finitude da vida, a solidão…

MOTIVO
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Genial a Cecilia Meireles!
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