Poesia da casa – Eu sou

Eu sou aquela que espera, dia e noite
Uma espera sem acreditar
Uma espera de nada
 Por vezes nem mesmo sem nem saber
O que se está esperando
Porque já não se deseja nada
Tanta espera, tanto vazio
E uma saudade sem fim

Eu sou aquela que sente saudade
De um tempo, de um dia, 
De um momento, quase nada
Saudade de um olhar, de um toque
Um cheiro que o tempo não leva
Um amor que o tempo não extingue
Uma esperança desesperançada
Um querer que só faz sofrer

Eu sou aquela que sofre
Por um abandono inexplicado
Por um descaso tão doído
Um sofrer do fundo da alma
Que apaga o brilho do olhar
Que embaça até as estrelas
E tem sempre vontade de chorar

Eu sou aquela que chora
Que as lágrimas escorrem quentes
Em uma face agora sempre gelada
Chorar de amar inutilmente
Uma paixão sem futuro
De tanto esperar e ter saudade
De tanto sofrer e chorar
De tanto querer morrer

(Imagem: banco de imagens Google)