
Se partiste, não sei. Porque estás, tanto quanto sempre estiveste. Essa tua, tão nossa, presença enche de sombra a casa como se criasse, dentro de nós, uma outra casa. No silêncio distraído de uma varanda que foi o teu único castelo, ecoam ainda os teus passos feitos não para caminhar mas para acariciar o chão. Nessa varanda te sentas nesse tão delicado modo de morrer como se nos estivesses ensinando um outro modo de viver. Se o passo é tão celeste a viagem não conta senão pelo poema que nos veste. Os lugares que buscaste não têm geografia. São vozes, são fontes, rios sem vontade de mar, tempo que escapa da eternidade. Moras dentro, sem deus nem adeus.
(Imagem: banco de imagens Google)