A pena que leve voa,
solta, flutua no espaço,
é a mesma que transcreve
as mágoas todas que passo.
A pena que nada sente
é a pena que tudo escreve;
e que de nada tem pena,
mas todas as dores descreve.
Essa pena, todas as penas
e a dor que o outro sente,
ela apenas reescreve;
ela subscreve o que não sente,
mas a pena nunca mente:
porque a dor que ela escreve
é o poeta quem sente.