Nostalgia é saudade do que vivi, melancolia é saudade do que não vivi.(Carlos Heitor Cony)
Quantas vezes abro minhas caixas de e-mails esperando um – o qual nem sei de quem viria, nem o que falaria, mas um e-mail que enchesse minha alma de alegria.
Nunca vem.
Quantas vezes espero ouvir tocar o telefone na certeza ansiosa de é alguém para dar uma boa notícia – alguém que não sei quem seria, nem sobre o que falaria, mas que fosse como um sol num dia frio.
Nunca toca.
Quantas vezes começo o dia na certeza que algo extraordinário há de acontecer, que transforme minha vida como num sonho mágico.
Nunca acontece.
E assim vivemos: sempre esperando algo maravilhoso que nunca chega.
Começamos a ter saudade do que nunca vivemos, vontade de voltar a lugar onde nunca fomos.
E uma profunda tristeza vai crescendo dentro de nós, tomando conta de tudo e apagando as luzes da alegria.
Perdemos a vontade de tudo, quando amanhece só queremos sumir, passar para debaixo da cama e ali ficar, quietinhos, no escuro, esquecidos do mundo.
Cada tarefa a cumprir é um calvário. Sorrir, comer, trabalhar, até mesmo pensar é penoso.
E como não podemos parar vamos nos arrastando vida a fora, carregando um peso incrível que não é nosso e nem sabemos porque temos de suportar.
Aí um dia, sem mais nem menos, um belo dia, quando acordamos ouvimos um sabiá cantando do lado de fora da janela.
Abrimos a janela e vemos um lindo sol lá fora, sorrindo para nós e nos convidando para a vida.
Leves, felizes, retomamos nossa vida, deixando para trás a nostalgia e a melancolia, que voltam então, cabisbaixas, para seus cantinhos, e ficam por ali esperando um dia em que estivermos distraídos para pularem de volta no centro de nossa vida e tomarem conta de tudo novamente.