Escrevi esse texto na manhã do dia 20/03/2014. Algumas horas depois recebi a triste notícia de seu falecimento.
“O Hospital 9 de Julho confirma que o paciente Hideraldo Luiz Bellini está internado na instituição e esclarece que a família solicita a compreensão de todos, pois não autoriza a emissão de boletim médico.
Atenciosamente,
Assessoria de Comunicação do Hospital 9 de Julho” – 20.03.2014
Ao ser apresentada, certo dia, ao irmão de uma querida amiga, fiquei intrigada em ver que já o conhecia, mas realmente não consegui me lembrar onde o vira ou conhecera antes.
Passado algum tempo, estava na casa dela, quando chegou um tio. Não precisei de apresentações, de pronto reconheci o grande Bellini. O capitão. O campeão.
Aí liguei os pontos, e vi que não conhecia o sobrinho, mas que este, além do bom futebol, herdara o sorriso e os lindos olhos do tio, o que o tornava familiar para mim.
Leio hoje que Bellini está internado, seu estado é muito grave.
Sabia que sofre do mal de Alzheimer, como também sei que já passou dos 80 anos, o que o torna especialmente vulnerável.
É uma lenda dos grandes esportistas do país que se vai aos poucos.
Como aves de rapina os jornalistas esperam a hora do desfecho para mil reportagens, para alavancar as vendas de seus jornais, com toda a matéria que lhe negaram em vida.
Antes de sua memória se apagar passou décadas ao lado da família na linda Itapira. Disse-me que ninguém se lembrava mais dele.
Mas eu lhe respondi que eu não o esquecera.
Quando fazia, ainda na infância, meu álbum de figurinhas das copas ficava fascinada com a cor de seus olhos. Por isso Bellini tanto marcou minha lembrança.
Divertiu-se quando lhe contei o quanto o tietara.
Contou-me histórias que não sabia, dele, da seleção, das conquistas…
Senti o orgulho de me poder sentir sua amiga.
Só posso agradecer a Deus e à vida de ter tido a oportunidade de conhecê-lo, de ver seus olhos maravilhosos e seu lindo sorriso, de apertar sua mão e beijar sua face.
Por isso aqui deixo meu recado – fé e força, Capitão, você não está sozinho – enquanto seu coração de atleta ainda bate.
Bellini. Meu capitão. Meu campeão!