Cravado espinho trago no peito
Jorra-me o sangue aos pés da flor.
Tal rouxinol a tingir a rosa
Como Wilde cantou um dia,
Vejo o vermelho chegar às mãos
Que carregam as flores tristes,
Coroando o fim de um amor.
Onde um dia éramos alegres risadas,
Hoje escorrem lágrimas salgadas
Marcando as faces já tão sulcadas,
De um viver em vão dentre lembranças,
Que o vento da distância avivou
– verdadeiras chamas de um antigo vulcão
Que se acreditava adormecido para sempre,
Nesse peito que ainda sente bater
Um coração que um espinho trespassou –
O terrível espinho da paixão ardente.