Venha de braços abertos

Quando você vier

Venha de braços abertos

Para um abraço sonhado e desejado

Que não aguenta mais esperar

Mas venha também com o sorriso aberto

Os olhos brilhando de alegria

Venha alegrar esses outros olhos

Que não querem mais chorar

E venha ainda com coração aberto

Ao encontro deste outro coração

Que se abriu, que amou, que sangrou

E mesmo assim não desistiu de amar

Porque quem esperou por tanto tempo

Sofreu toda a tristeza da separação

Não desistiu em tantas dificuldades

E está aqui firme, esperando sua volta

Está com os braços abertos,

O sorriso, e o coração abertos, transbordando

De saudade, cheios de tanta ausência e

Carentes desse abraço tão sonhado

Da alegria que só esse sorriso poderá trazer

E do calor que virá do seu coração.

Por isso, o mais cedo que puder, venha.

Venha, e já chegue com os braços abertos

Caminhos pisados

Passo em ruas passadas, conhecidas, tão já vistas e caminhadas. Periodicamente tudo muda. Lojas adoráveis se fecham. Nunca mais abre nada no lugar, fica aquele vazio feio, todo pichado, no meio dos outros. Outras, feias e sem graça, se fecham e ali se abre um nova loja linda, atraente, que alegra o local.

Muitas são imprescindíveis, e um dia suas portas permanecem cerradas. Ela se foi. O que vem no lugar não traz a mesma utilidade. Ou o contrário.

A verdade é que tudo muda. O que foi já não é, se tinha, já não tem… e temos de continuar vivendo e tocando nossa vida da mesma forma, como se nada fizesse parte dela.

Sempre esperando que tudo melhore, que venham boas pessoas, ótimas lojas, excelentes prestadores de serviço. Mas nem sempre é assim.

Isso nas ruas pelas quais caminhamos.

E na vida, os caminhos do coração? Acontece a mesma coisa…

Passamos sempre os mesmos atalhos já pisados, e pessoas que ali estavam já se foram. Outras – piores ou melhores – vieram para ocupar esses lugares.

Algumas pessoas são tão especiais, tão insubstituíveis, que o lugar que deixam dentro de nós ficará vazio para sempre.

Outras nós temos de tirar à força dali pelo mal que nos está causando e ficar na esperança que seu lugar seja preenchido por alguém que mereça estar em nosso coração.

Mas o mais triste são as pessoas que julgamos maravilhosas e insubstituíveis, que, simplesmente, num de repente qualquer da vida, saem de nosso coração e desaparecem.

Dia de Poesia – João M C Gomes

É nas minhas madrugadas
que mais sinto a tua ausência
depois de mais uma noite
em que a solidão
dormiu na minha cama.
Na minha mão,
não sinto a tua mão,
no meu peito,
não sinto o teu braço,
e o calor da perna
que traçavas sobre a minha
é agora ausente
e parte de um sonho amordaçado.
O tempo do amor
diluiu-se nos dias de tristeza incontida,
e as luzes que nos iluminavam
deixaram morrer as flores
que trazíamos sedentas
dentro de nós.
As sombras desceram sobre a nossa paixão,
cobrindo de espanto e de dúvidas,
os dias de amor, antes fácil,
destruindo as searas que lavrávamos,
nos nossos corpos e na nossa alma.
Mas é nas madrugadas,
que te revejo e ainda te sinto presente,
sem encontrar solução
para a dor que trago no peito,
e o arrependimento de te deixar partir
deste corpo e desta mente
carente e amordaçada,
como um castelo desmoronado,
por um simples sopro de uma mulher,
que me amarrou,
nas linhas do seu cabelo,
e me deixou exausto de sede e de fome,
na solidão de um amor inacabado.

Livros e mais livros

Olho à minha volta e vejo livros. 

Livros no escritório, livros na sala, livros na mesinha de  cabeceira no quarto…(e na cozinha alguns livros de culinária). Moro em mais de uma casa, e, ao todo, são milhares de livros. Que sempre fazem falta na casa em que não estão. 

Além de ler preciso TER os livros. Preciso de sua forma, seu cheiro, seu toque, sou altamente viciada em livros. Por vezes leio um livro, fico em êxtase, volto à livraria para comprar mais cinco e seis para dar de presente. 

E, com alguma apreensão, volta e meio tenho notícia a tentativa da limpeza étnica que pretendem fazer com relação aos livros, substituindo-os pelos – atualmente – e.books – já houve outros nomes, em tentativas que não deram certo. 

Ainda menina nova assisti a um filme aterrador: Fahrenheit 451. Esse é o grau de destruição na escala Fahrenheit, e era sobre uma sociedade totalitária onde a leitura era proibida e os livros queimados. Saí do cinema em estado de choque, só de pensar que um dia poderia vir a ser verdade (quantos filmes de ficção hoje são pura realidade?), e havia no filme a terra dos homens-livros, que decoravam os livros e pretendiam republicá-los quando não mais fosse crime. 

Nunca me dediquei a decorar um livro (não decoro nada – de tanto ler algumas poesias ficaram gravadas em minha mente, como seres vivos que ali se alojaram, mas não por esforço de decorar) – porque decorar um livro não me satisfaria – preciso do livro de papel para segurar, para sentir. 

Quando estou terminando um livro que tenha particularmente me agradado, de preferência grosso, começo a sentir uma nostalgia do livro que se finda, da saudade que terei dos personagens que ficarão dentro daqueles papéis depois que o fechar e o devolver à estante.

Por isso sofro só de pensar em uma sociedade onde não mais teremos livros de papel, mas maquininhas de leitura. 

Não sobreviverei. Tenho certeza.

Personal killer – escrito em 20.06.2012

 – Faz mais uma vez…

– Só mais três…

– Só mais dois…

– Aguenta mais um pouquinho, só trinta segundinhos (como se existissem segundões, segundos e segundinhos)…

E assim Fabrício – o personal killer – vai me alongando…

Acho que depois de cada sessão de ginástica fico um pouquinho mais alta…

É um tal de puxa daqui, segura dali, respira fundo, solta o ar devagar, contrai musculatura de um lado, sente puxar musculatura do outro…

E vamos mais uma vez, começa tudo de novo.

– Agora equilíbrio…

Pensam que é fácil se exercitar sobre uma perna, trabalhar a outra perna no ar, quase flutuar, pensar que conseguirá voar um dia???

– Sentiu a perna? então inverte, agora com a outra…

E agachamento… sentar sem cadeira…

– Vamos lá, vamos fazer vinte repetições hoje. Segura mais tempo na última, respira fundo.

– Ótimo! (que delícia ouvir esse Ótimo! – significa que aquela parte do matadouro foi superada).

– Trabalhando o adutor, força no adutor.

Êita músculo difícil de ser alongado…

– Só mais um segundinho, vamos lá…

– Sentiu puxar?

E assim eu sigo, semana após semana, alternando a ginástica com as diárias caminhadas, que é a parte aeróbica e que eu mais gosto.

Mas além de brasileira sou corinthiana, por isso não desisto nunca.

E, depois de um bom banho relaxante, a sensação é que, além de crescer um pouco, alguns gramas me abandonaram, fico mais leve.

Só não consigo entender pessoas que dizem detestar ginástica. Não sabem o que perdem…