Há algumas décadas era moda fazermos uns “cadernos de lembranças” – era um caderno que passava de mão em mão na escola – colegas de classe e demais amigos. Cada um escrevia o que desejasse. Alguns colocavam belas citações, outros copiavam poesia, os poetas colocavam textos próprios…
Assim, há muito tempo, eu fiz o meu caderno. Encontrei-o, entre meus livros, um dia desses e me transportei para a fase da adolescência, quando éramos eternos e imortais. Dentre os escritos há um acróstico feito por um professor. Recordo-me que na época esse poema me emocionou. E agora, tanto tempo depois, senti emoção quando o reli:
Meus tempos idos de um feliz passado…
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Acho nos versos que um tempo acabado
Lá bem distante na vida esqueceu.
Imerso em cores de tanta lembrança,
Comparo agora o tempo de criança,
E vejo então que quem mudou fui eu.
(A.L. Queiros, 1970)