É claro que a vida é boa E a alegria, a única indizível emoção É claro que te acho linda Em ti bendigo o amor das coisas simples É claro que te amo E tenho tudo para ser feliz.
Mas acontece que eu sou triste… (Dialética)
“Conheci Vinícius na aula de português da 7ª série, ou seja, 18 anos depois de sua morte. Minha reação foi bem viniciana: me apaixonei perdidamente na hora por aquele poeta. Assim ele era: a palavra certa e sensível com intensidade sempre constante.
Poeta e diplomata, por muito tempo Vinícius viveu entre as duas profissões, até que a música e a poesia falaram mais alto. Vinícius cantava e recitava o amor, um amor total, como em seu soneto um amor amigo, aquele que é “nunca perdido, sempre reencontrado”; um amor à vida: repleta de separações onde o “riso se faz pranto”; de desesperanças, que devem ser mortas; de desigualdades, onde o próprio operário se vê em construção.
Vinícius era um bon vivant, teve o privilégio de viver de poesia e vivenciar tudo o que queria até o fim (o que inclui nove casamentos, cinco filhos, centenas de amigos, milhares de admiradores). Sua fidelidade era à vida, aos amores diversos, ao copo de uísque. Deixa como legado um olhar leve e intenso, uma rima perfeita, um carinho por onde passa. Se seria mesmo o amor “eterno enquanto dure” como ele mesmo dizia, certamente Vinícius é um imortal.” (Lígia Pinheiro Paganini)

Canção para a amiga dormindo
Uma paz imensa
Dorme, amiga, dorme
Teu sono de rosa
Uma paz imensa
Desceu nesta hora.
Cerra bem as pétalas
Do teu corpo imóvel
E pede ao silêncio
Que não vá embora.
Dorme, amiga, o sono
Teu de menininha
Minha vida é a tua
Tua morte é a minha,
Dorme e me procura
Na ausente paisagem…
Nela a minha imagem
Restará mais pura.
Dorme, minha amada
Teu sono de estrela
Nossa morte, nada
Poderá detê-la.
Mas dorme, que assim
Dormirás um dia
De um sono sem fim…
Na minha poesia.
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