
Tecida em fina renda, do mais delicado fio
A trama de minha alma suporta esses abalos
Magicamente ela resiste, não se rompe
Enfrenta tantas amarguras, tantas desventuras
E se vai deixando lapidar a cada tormento
Alma lapidada, foi forjada a ferro e fogo
No amor, no sofrer, na paixão, na desilusão
E segue, impávida, sem se deixar dominar
A alma bruta não é formosa nem é gentil,
Tal como a pedra original, que não tem fulgor
Ou ainda as brancas nuvens, disformes e sem graça
Por isso é preciso sofrer, transformar, lapidar
Aparar as arestas, e eliminar as sobras,
Encontrar a forma perfeita para então polir
Quando então surge a alma bela e afetuosa
Como as mãos hábeis do lapidador que encontra
As melhores facetas da pedra e a transforma
Trazendo o mais belo e fulguroso diamante
O céu recoberto de nuvens amontoadas
Que escondem o sol, a lua e as estrelas
Quando, em silêncio vem o vento carinhoso
Lapidando as nuvens com cuidado e com capricho
Desnudando um céu recortado ou estrelado
Mostrando a beleza e o esplendor do infinito
Também minha alma, tão carente e tão sofrida
Se torceu na dor, no desespero, na saudade
E se tornou melhor, açoitada em sofrimento
Ela – essa alma lapidada – é tudo o que hoje
Eu tenho a ofertar, junto desse amor infindo.
Alice.
CurtirCurtir