Sobre a mesa, um bloquinho “post-it”. Que é de máxima utilidade.
Mas nenhuma mensagem anotada.
Há tanto a fazer, mas nada ali escrito.
Não adianta. O tempo não permite sequer uns minutos para anotar as tarefas do dia. Que, na verdade, nem há necessidade de se anotar, pois que se repetem tristemente iguais.
Às vezes a vida se torna um tédio.
Na verdade, a vida oscila entre o caos e o tédio.
E não há como dar conta de tudo. Por isso tanto se corre e pouco se faz. Talvez o tempo esteja passando muito depressa, ainda que tenhamos a sensação de que não está nem passando.
Porque estamos desmotivados depois de tanto isolamento, tantas falências, tanta falta de sensibilidade daqueles que deveriam olhar para e pelo povo.
O aumento notável de moradores de rua e pedintes nas esquinas causam sofrimento. É triste ver que famílias estão nas ruas, que a fome e a miséria continuam avançando sobre a população desvalida.
Mas os interesses políticos estão acima de tudo.
Provavelmente esses políticos olham para o povo e pensam: “Que morram de fome”; e serão enterrados como vítimas de covid.
Isso é o que interessa.
Ontem subi no elevador do hospital com duas funcionárias que saíam da “cerimônia” (ou palhaçada?) do governador que fez questão de estar presente no início da vacinação.
Ambas se dando a maior importância, achando que estavam salvando o mundo. Talvez nem o próprio emprego esteja salvo…
E assim caminha a triste humanidade que voltou a olhar para o céu e esperar o maná. Sem perceber que, na nossa vida, o máximo que cai do céu é chuva. E, às vezes, ácida.
Vou pegar uns lápis e fazer desenhos gregos nesse bloquinho. Distrair mente e a mão.