Não quero a estrofe bem rimada Nem o verso todo arrumadinho Quero a poesia solta como pedra lançada Sem regras e sem limites Quero ouvir o canto de cada alma Ver o brilho de todos os olhares Mesmo naqueles olhos que já foram tristes Ver rodar a ciranda que vida traz A poesia, livre, está no ar Na risada alegres das crianças Nas memórias tristes dos idosos Na angústia que cada um carrega em si Nas mãos que um dia se encontraram Sabendo que teriam de se soltar depois Na esperança da vida que ainda resta Na certeza da morte que chegará Quero a poesia da música dos ventos Do marulho que embala o adormecer Da serenata matinal da passarada Do trovão que anuncia a tempestade Essa a poesia que eu quero Que vive solta, leve, a pairar Que muitas vezes é esquecida Mas ressurge, linda e forte. Poesia que não aceita fronteiras Que rompe as grades, sai da gaiola Não pode ser domesticada Vive por si, em plena liberdade Essa é a poesia que vive em mim E que me impulsiona, entra na alma, Traduz meus sonhos e se renova toda Minha poesia é igual a mim: livre...