
Comigo eu trago mais de 23.000 ontens,
por isso sei que me restam poucos amanhãs
Fiz muitos de meus caminhos – nem sempre segui
aqueles já traçados por outros pés, porque
eu não queria atingir só os mesmos pontos de
chegada que outros, antes, já alcançaram
Viajei países, conheci o céu e, solitária,
atravessei o inferno; a tudo sobrevivi.
Foram tantas vírgulas nesta minha vida
tantos pontos finais e outros de interrogação…
Tive tantas perguntas sem conseguir respostas
Contei tantas estrelas, para esquecer logo depois
Mas sei que chegará, em breve, a hora de partir
para uma última viagem – esta, sem volta
Enfrentarei. Com coragem e sem lamentos.
Passei na vida por todos os ângulos vistos:
Agudos, retos, obtusos e rasos
Aparei muitas arestas pontiagudas
Escalei montanhas feitas de pura areia
Mergulhei em águas gélidas, rodei em tantas
correntezas, feri-me em pedras e sequei ao sol.
Junto de tantas linhas retas e duras que desafiei
também vi as curvas do mar e do infinito
ao se encontrarem no ponto mais distante do olhar
A mim, me foi dado contemplar o belo,
Ouvir os pássaros e o som dos violinos
E me emocionar com a arte, com a perfeição,
Conhecer o amor e viver a paixão infinita,
E, dentre todos – retas, ângulos e curvas,
nada eu amei mais, ou me fez mais feliz
do que o encontro sempre perfeito e ideal
de nossos côncavos e convexos se completando
nas curvas de um abraço tão apaixonado
no aconchego de nossas noites de amor.
(Imagem: banco de imagens Google)