Vicente de Carvalho, o poeta do mar. Sempre amei poesia. Sempre amei o mar. Desde muito cedo aprendi a amar a poesia de Vicente de Carvalho.
No começo de minha vida morei em Santos. E passava pela sua estátua, na orla da praia, ainda muito pequena para entender quem e o que era – mas já sabia que era a estátua do Poeta Vicente de Carvalho.
Mais tarde conheci sua biografia. E sua poesia.
E a paixão foi inevitável.
Decorava seus textos, de tanto lê-los.
E nessa semana, em que se comemora a data de seu nascimento, minha singela homenagem ao poeta e ao homem que se opôs à privatização das praias, que as queria públicas, por todos frequentada, “ … Mar, belo mar selvagem / Ah! Vem daí por certo a voz que escuto em mim…”
Deixo aqui, escolhida dentre muitas, uma poesia encantadora que sempre me fascinou:
“Deixa-me, fonte!” Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
“Deixa-me, deixa-me, fonte!”
Dizia a flor a chorar:
“Eu fui nascida no monte…
Não me leves para o mar.”
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
“Ai, balanços do meu galho,
Balanços do berço meu;
Ai, claras gotas de orvalho
Caídas do azul do céu!…”
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Rolava, levando a flor.
“Adeus, sombra das ramadas,
Cantigas do rouxinol;
Ai, festa das madrugadas,
Doçuras do por do sol;
Carícia das brisas leves
Que abrem rasgões de luar…
Fonte, fonte, não me leves,
Não me leves para o mar!…”
…………..
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor…
Gosto do mar também..
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👏👏👏
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