Portas abertas

Quero portas abertas

Quero janelas destrancadas

A alma escancarada

A vida sem medida

Na hora em que o amor vier

Entrará sem mesmo bater

E se a paixão transbordar

O sorriso a acolherá

Quero brisas outonais

Que espalhem as folhas secas

Com seus ruídos do passado

Quero sol de primavera

Que me traga um cheiro de flores

E as lembranças da infância

Com gosto de doces caseiros

Feitos em fogão de lenha

Quero calor de verão

Sobre a areia da praia

Um mar de poucas ondas

E paz de velas bem rizadas

Quero a intensidade do inverno

Com frio na medida certa

Um bom copo de vinho

E aconchego de um abraço

Quero ouvir música dos anjos

No vento que me acaricia

O murmúrio suave da água

Na gostas da chuva que cai

E sentir a pele se entregar

À suavidade do sol da manhã

Comungar os dons da natureza

Partilhando a beleza de viver

Quero o altivo voo das águias

Por sobre todas as cordilheiras

Quero a paz de um colibri

Quando encontra a flor buscada

Quero ouvir os sons da música

Que a andorinhas compõem nos fios

Quero escrever toda a poesia

Que só o amor pode construir

E, depois de viver tudo isso

Se alguém me perguntar

Como pude viver tão intensamente,

Direi pergunte à paixão, ela que me fez assim

Porque ela me fez tanto amar

E me fez assim tão feliz,

Só ela poderá responder

E ela dirá então: encontrei a porta aberta…