Da morte
Dans l’Histoire des temps la vie n’est qu’une ivresse, la Verité c’est la Mort.(Lous-Ferdinand Céline)

Não sou muito de pensar em morte, mas às vezes essa idéia vem e martela…
Será que se percebe a aproximação da morte, ou só se encara a morte quando não tem mais jeito, quando ela realmente intercepta nossa trajetória por aqui?
O que será que Jesus pensava enquanto caminhava rumo a seu calvário? Quando andei por lá, sentindo a emoção de pisar as mesmas pedras que meu Deus pisou, olhava para o chão do caminho entre o local do julgamento e da crucificação e essa idéia me martelava: o que Jesus pensava, será que ele realmente sabia da vida, da morte e da vida depois da morte?
E quem morre de acidente, será que dá tempo de ver a morte chegar? Quem fica preso em um carro que cai no mar, que demora a morrer e não pode se salvar, o que será que pensa?
Os passageiros dos aviões que caem – quase sempre à noite, em locais ermos, escuro total – será que eles vêem que já estão de frente para o além, que não voltarão mais ao mundo onde viviam até então?
As vítimas que morrem baleadas, em assaltos, em homicídios, em tiroteios que não participam, o tempo que leva entre o tiro, a entrada da bala e a perda da consciência – será que dá tempo para pensar em alguma coisa?
E os suicidas? O que eles pensam depois que dão início à execução da própria morte, será que se arrependem, mas já é tarde demais para voltar atrás?
Estranha a morte, não se encaixa em nada do mundo dos viventes…
(Imagem: banco de imagens Google)