Acordes que trazem mais do que um passado – trazem, de volta à memória, toda uma vida.
Na sala da casa havia um piano. Alguém dedilhava Le lac de Come.
A algazarra cotidiana se acalmava, a música hipnotizava.
As crianças – mesmo na calçada – baixavam o tom das vozes; o barulho da cozinha cessava.
E, imersos na melodia encantada, sonhávamos.
De repente, uma porta batia. Era dentro de cada um, as portas que se fechavam e muitas delas se fechariam para sempre.
A porta da infância, a porta da família reunida, a porta da paixão ardente, a porta da ambição e a porta do próprio futuro.
Não estou mais naquela sala…
Essa porta também se fechou, mas, através dela e da memória imortalizada, ainda posso ouvir o som do piano.