Dia de poesia – Vinicius de Moraes – Soneto da Quarta-feira de cinzas

Por seres quem me foste, grave e pura 
Em tão doce surpresa conquistada 
Por seres uma branca criatura 
De uma brancura de manhã raiada 

Por seres de uma rara formosura 
Malgrado a vida dura e atormentada 
Por seres mais que a simples aventura 
E menos que a constante namorada 

Porque te vi nascer de mim sozinha 
Como a noturna flor desabrochada 
A uma fala de amor, talvez perjura 

Por não te possuir, tendo-te minha 
Por só quereres tudo, e eu dar-te nada 
Hei de lembrar-te sempre com ternura.

- Rio, 1941 -

(Imagem: banco de imagens Google)

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