Que cessem agora todos os sons E que se calem todas as vozes Abaixem a cabeça em respeito Um minuto, uma hora, um dia Do mais completo silêncio Pela morte de uma Poeta A Poesia morreu com ela. Esta noite não haverá lua no céu Como também não haverá estrelas A maré hoje não cantará para Nos embalar, a sua canção de ninar E as ondas permanecerão imóveis Pela morte de uma Poeta A Poesia morreu com ela. As flores da noite não se abrirão em perfumes Nem as flores da manhã explodirão em cores Não se ouvirá um único trinar de pássaros Porque não haverá cantoria ao alvorecer Apenas a ausência dos cantos será ouvida Pela morte de uma Poeta A Poesia morreu com ela Hoje os casais não se amarão, desgostosos Porque a doçura não se fará presente nos lares E os sinos dobrarão entristecidos, nos campanários Sem a alegria dos badalos tão festivos Sem a algazarra das crianças brincando nas praças Pela morte de uma Poeta A poesia morreu com ela Nunca mais se ouvirão versos de amor Nunca mais os cantos apaixonados As odes e sonetos de entrega e magia Nem uma simples trova em uma esquina qualquer Nem uma rima em uma canção do trovador Pela morte de uma Poeta A poesia morreu com ela Nem um soluço ou pranto será ouvido As lágrimas não escorrerão pelas faces Os corações baterão em profundo silêncio E, ao verem passar o esquife com seu corpo Todos dobrarão os joelhos sobre a terra Pela morte de uma Poeta A poesia morreu com ela...