Somos opostos. Em tudo:
eu sou mar, você é rio;
você é floresta, eu sou cidade;
eu sou sol, você é lua;
você é noite, eu sou dia.
Mas quando nossos olhares se cruzam
nossas mãos se tocam e
nossos corpos se encontram na maciez dos lençóis,
tudo isso desaparece.
Se antes um era prata e outro, ouro,
somos, agora, apenas dois loucos de paixão.
E nos amamos ardentemente,
amalgamando nossas naturezas,
derrubando todas as barreiras
em uma fusão enlouquecida e inseparável.
Nesse hiato de um inesperado eclipse
entre meu sol e sua lua, sua noite e meu dia,
nossos mundos se reduzem a um ponto –
Um único ponto desse vasto universo
onde todas as estrelas vêm brilhar
e invejar esse doido amor
que tudo desmonta, tudo desmente
e nos une e mistura esses mundos,
até chegar o inevitável e triste momento
quando, encantados, seguimos adiante,
cada qual trilhando um caminho próprio.
Mas neste universo em que todas as linhas se tocam,
perpendiculares, paralelas, convergentes,
divergentes, retas ou curvas,
sempre haverá um mágico momento,
em que elas se encontram no finito da vida,
como estradas que em algum ponto se atravessam.
E quando nossos destinos se cruzam,
não há mais céu nem terra
nem há mais claro nem há mais escuro.
Existe, então, esse atalho secreto,
apenas um ponto de amor
a desafiar toda a lógica dos homens
e mostrar a esse mundo descrente
que podemos provocar o destino
e escrever, nós mesmos, nossa trajetória…