Meu caos

A natureza do caos e da anarquia como ferramentas de subversão comunista

Do quadro de uma janela assisto à passagem da vida

Pela calçada casais abraçados se encolhem sob os guardachuvas

Os automóveis se alinham em filas em sentidos opostos

E a noite, serenamente, cobre tudo com seu manto de ausência de luz

Agora já não há gritos de vendedores nem buzinas nervosas ou sirenes

As pessoas andam mais vagarosamente, saboreando o caminhar

É minha hora preferida. Há uma ordem chegando onde reinou a confusão diurna

Como o dia, assim é minha vida – depois das dúvidas da infância e incertezas da juventude

Veio o meio termo da maturidade. E agora, na velhice, só quero a ordem.

As noites silenciosas são o bálsamo da alma e o descanso do corpo, ambos exaustos

Mesmo que pensamentos confusos impeçam o sono reparador

Os ventos da madrugada desalinham a organização da noite

e despertam a vontade de sair na noite e voltar a viver intensamente

mas a ordem logo volta e reina o vazio da natureza em repouso.

Embriago-me do escuro e do silêncio nas longas horas de solidão

E me recordo de tantas pessoas, tantas alegrias, tantas perdas pela vida

Fecho os olhos, inundada de tantas lembranças fugidias

E mergulho, fragilizada, no mar do meu próprio caos.

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