
Poeta, onde é sua morada? Quero encontrá-lo, ver onde vive, do que é feito seu mundo. O poeta me recebe, mas não é bem uma casa onde ele mora. Sua morada é no mundo, seu telhado é o céu De dia ele avista as nuvens, à noite dialoga com as estrelas Também não tem paredes, porque o poeta é livre Seus limites são os limites do Universo Não precisa portas nem janelas, não há cercas nem muros O chão do poeta é o imenso oceano Pisa nas espumas das ondas, repousa nas marolas Os vizinhos do poeta são as matas, os rios, A natureza tranquila e exuberante Na casa do poeta se ouvem o mar, o vento e o silêncio Porque o poeta medita, em profunda solidão, vive dentro de si para conseguir ver o mundo Procurando a morada do poeta, não a vi Ela não está sobre a terra, não está no horizonte Descobri então que o poeta, na verdade Mora nas lágrimas dos que choram de amor Dos que sofrem pelas dores dos humanos De todos que são amados de verdade A morada do poeta é a alegria das crianças A saudade dos idosos, a tristeza de tantos irmãos A morada do poeta são os sonhos da juventude E as lembranças que se levam pela vida Encontrei sua morada, enfim, dentro de mim Porque o poeta mora, desde sempre, em minha alma.