A todas as pessoas que passaram pela minha vida; às que ficaram e às que não ficaram; às pessoas que hoje são presença, àquelas que são ausência ou apenas lembrança…
Poeta, onde é sua morada?
Quero encontrá-lo, ver onde vive, do que é feito seu mundo.
O poeta me recebe, mas não é bem uma casa onde ele mora.
Sua morada é no mundo, seu telhado é o céu
De dia ele avista as nuvens, à noite dialoga com as estrelas
Também não tem paredes, porque o poeta é livre
Seus limites são os limites do Universo
Não precisa portas nem janelas,não há cercas nem muros
O chão do poeta é o imenso oceano
Pisa nas espumas das ondas, repousa nas marolas
Os vizinhos do poeta são as matas, os rios,
A natureza tranquila e exuberante
Na casa do poeta se ouvem o mar, o vento e o silêncio
Porque o poeta medita, em profunda solidão,
vive dentro de si para conseguir ver o mundo
Procurando a morada do poeta, não a vi
Ela não está sobre a terra, não está no horizonte
Descobri então que o poeta, na verdade
Mora nas lágrimas dos que choram de amor
Dos que sofrem pelas dores dos humanos
De todos que são amados de verdade
A morada do poeta é a alegria das crianças
A saudade dos idosos, a tristeza de tantos irmãos
A morada do poeta são os sonhos da juventude
E as lembranças que se levam pela vida
Encontrei sua morada, enfim, dentro de mim
Porque o poeta mora, desde sempre, em minha alma.