Poesia da casa – Lua e mar

Rapadura Cult: A noite
Vejo a lua como se fosse a primeira vez

Não importa quantas noites já a vi

Ela chega pálida, tímida, despercebida

Chega no final da tarde para não se atrasar

E ali fica, tão quieta, esperando o anoitecer

Quando então, soberana, domina o firmamento

E nos olha, divertida, em esplêndido brilho.

Ou nem vem, resolve ir amar em outro canto

E nos deixa em noite escura sem brilhar

E apenas a imaginamos, ao olharmos para o céu

Sabendo que ela existe, está em algum lugar

É sempre uma primeira vez todas as noites

A grata surpresa de poder ver a lua.



Vejo o mar como se fosse a primeira vez

Não importa quantas vezes eu já o vi

Sempre cantando em constante ondular

Vem tão manso em suas águas transparentes

Esperando o carinho de um mergulho

Quando então, poderoso, arrasta e traz de volta

E nos olha, divertido, em esplêndido azul-mar

Ou sossega, e acalma suas ondas

E nos deixa abandonados sem brincar

De repente, se levanta, entediado, e nos leva

E nos traz, em seu louco balançar,  

É sempre uma primeira vez todas as vezes

A grata surpresa de poder ver o mar.



E quando, na noite, em puro encanto, ela nua 

Prateia as águas no rastro do luar

A maré, apaixonada, então recua,

Dando espaço para todo esse brilhar, 

Penso na alegria de ser sua 

Como marca desse nosso intenso amar: 

Deixe-me, meu amor, ser sua lua

E seja você, para sempre, o meu mar





(As fotos que ilustram os posts são retiradas de bancos de imagem do google, salvo se a autoria estiver anotada na página)