Texto de Martha Medeiros

Não peço que tire os sapatos, ao entrar na minha casa.

Ou seria minha vida? Entenda como quiser.

Peço que tire a máscara e a armadura.

Pode deixar ali naquele cantinho, devolvo na saída. Prometo.

E não me venha com silêncios ou imobilidades.

Nada de recuos ou fugas.

Apenas entregue-se.

Aqui, o durante, é que importa.

O antes e o depois você resolve lá fora, cadeira do analista, bar com amigos, tanto faz.

Aceite as falhas, engula a pressa.

E não me peça para escutar as coisas que você não diz. Não leio mentes, não faço jogos.

Me aceita, me abraça e me recebe. Deixa alguma marca, cria alguma história.

Sou uma mistura de aço e gelo.

Adicione um pouco de vodka.

E sirva-se.

(Imagem: banco de imagens Google)

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