Vivia encolhida, sem luz, sem ar. Presa na armadilha que o destino lhe preparara. A insegurança a dominava, limitada ao escuro da existência sem futuro, sem alegrias.
Mas, em seu âmago, crescia um sentimento novo: uma paixão ardente, descontrolada, que, naquelas condições, não podia ser vivida.
Subitamente sentiu que era hora de romper com tudo que a limitava. Porém, enfrentar o desconhecido poderia significar sua morte. Não podia ter certeza se sobreviveria.
De certa forma, morreu ali mesmo, porque, ao romper o casulo que a prendia, a pesada lagarta, feia e disforme, perdeu sua existência, no exato instante em que, colorida, leve e cheia de alegria, a linda borboleta alçou seu primeiro voo.
METAMORFOSE
Acordei com chifres e casco de bode. Um plebeu transmutado em deus
(Eu, que sou um cara esquisito, sempre quis ser como os outros humanos).
Um fauno. Divino! (Espere! Essa catinga de enxofre…). Sei não, viu?
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