Je t’offre un muguet de bonheur

RANDO DU MUGUET A St FLORENT DES BOIS | Association ECLA

Flores, os adornos da natureza, são, também, símbolos nas relações humanas.

São ofertadas no dia dos namorados, dia das mães, aniversários, estão nos buquês de noivas, nas coroas dos velórios, ornamentam casamentos, lapelas…

Uma mulher que nunca recebeu uma flor, um buquê de flores ou um arranjo de flores, nunca será uma mulher completa, feliz. As flores dizem mais que joias ou qualquer presente caro.

Rosas, cravos, camélias…

Algumas têm significados especiais. Por exemplo, a pequena e rara edelweiss. Cujo ato de ofertar significa mais que o amor, a coragem do rapaz que escalou escarpas para colhê-la, tradição alpina da região do Tirol, de onde é símbolo.

E, na França, temos a singela muguet-du-bois. A pequenina e delicada florzinha branca. A flor da sorte. E também a flor da felicidade.

Essa flor é oferecida no dia 1º de Maio. Por isso também chamada, lá nas terras de Balzac, de Flor de Maio. De início, diz-se que no século XVI, era colhida para festejar e enfeitar as noivas, no início dos dias mais quentes, depois dos rigorosos invernos europeus.  

Durante o reinado de Charles IX, alguém lhe ofereceu um ramo de muguet-du-bois, em um dia 1º de Maio. Encantado com o gesto, o rei ordenou que todo dia 1º de Maio deveria ser dada essa flor a todas as moças solteiras do reino. Verdade? Lenda? Não há como saber. Ele ficou conhecido como “maluco”, responsável pelo terrível massacre da Noite de São Bartolomeu. Difícil acreditar que se emocionasse com uma singela florzinha branca.

De qualquer forma, seja qual for a origem do gesto, este perdurou e no dia 1º de Maio as delicadas muguets-du-bois são oferecidas entre os franceses.

Por ser também comemorado o Dia do Trabalho no dia 1º de Maio, os trabalhadores adotaram a troca dessas flores como símbolo do trabalho.

Assim, passando de um significado para outro, persiste, ainda, o costume – lindo, diga-se de passagem, de se ofertar um muguet-du-bois, agora chamado muguet de bonheur nesse dia.

Por isso, a todos, franceses e brasileiros que cultivam tradições, ofereço a cada de um de vocês, para esse 1º de Maio, desejando que tenhamos um mês novo, livre, feliz, , um ramo virtual de muguet du bonheur:

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Para esquecer você

Amantes doces abraçam a silhueta - Baixar PNG/SVG Transparente

Um dia eu quis esquecer você…

Para tentar esquecer, comecei a lembrar

tudo aquilo que eu precisava esquecer.

Lembrei-me então desse seu olhar

que sempre me atravessava e enxergava

o que ninguém mais via em mim.

Esses olhos profundos, esse olhar firme

esse brilho de paixão que nenhum outro tem.

E então eu me lembrei do seu sorriso, tão meigo

tão amigo, animador. E lembrando agora essa boca

como não pensar naquele primeiro beijo

e na paixão que explodia como estrelas de fogo.

Para esquecer sua boca, pensei em seus braços,

em suas mãos, no abraço apertado em seu peito…

e me lembrei de noites de amor, de manhãs floridas

de tantas loucuras sonhadas, de verdades confessadas, 

de alguns segredos partilhados, de desejos realizados

de muitas risadas e até de algumas lágrimas…

e assim, ao tentar esquecer, mais e mais eu me lembrava

E senti saudade, muita saudade, de tudo que vivemos

Lembrando de você ao tentar esquecer, eu percebi

o quanto, para mim, você é inesquecível…

Sobre a preguiça…

É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça.  (Cora Coralina)

  Cadeira de madeira vazia e mesa no pátio ao ar livre com bela ...                                                                                 Escrevo por inércia. Estou no escritório por inércia. Se tivesse um pouquinho de força e de vontade, estaria no banho para ir dormir logo. Ainda são 20:00 mas estou muito cansada.

E fico acordada por inércia, porque não consigo sequer sair desse escritório ou da sala e ir para o quarto e dormir.

E o pior é que nunca fui – e não sou – preguiçosa, mas de vez em quando fico assim, como se as pilhas estivessem descarregadas… ou, como diria o nordestino, “… me dá uma lésêêêiraa…”, abrindo no lé, arrastando no sêêê…

Vontade de deitar em uma varanda de frente para o mar e poupar até a respiração. Preguiça completa de verdade..

E fico mais desanimada ainda porque hoje já é 28 de abril de 2020… Muitos  dirão “…mais um ano…” e eu direi “MENOS UM ANO”. Principalmente este, que terminou tão logo passou o carnaval. Mal começou e veio uma chuvarada que paralisava tudo. Mal passou a chuva, veio o carnaval. E, tão logo em seguida, a quarentena que já dura mais de quarenta dias. Será cinquentena, sessentena? será que se acabará um dia e poderemos retomar nossas vidas?

O ano de 2019 foi terrível. Não via a hora de lhe dar adeus. E 2020 está bem pior, veio bichado. Tenho medo do que me espera em 2021…

Parece que o tempo parou, pela inação total – sem viagens minha vida é nada. Mas, a bem da verdade, o ano está passando rápido e sem nenhuma vida.

Quando nos damos conta, já estamos em setembro, dezembro e o ano, que já foi novo, acaba.

A cada ano que se acaba eu tenho plena consciência que é um ano a menos que viverei, e sei que minha conta já está invertida – acumulo mais anos vividos do que o número de anos que terei pela frente para viver.

Mas acho que isso não é importante. Porque o que vale é que foram anos bem vividos.

Quem sabe no final, quando chegar a hora de me levantar e me apresentar para a última partida, eu seja tomada por essa inércia, e o fim seja adiado até minha crise de preguiça passar…

Dia de Poesia – Mia Couto – O beijo e a lágrima

Significado de Lágrima - Dicionário de Símbolos

Quero um beijo, pediu ela.

Um sismo
abalou o peito dele.
E devotou o calor
de lava dos seus lábios,
entontecida água na cascata.

Entusiasmado,
ele se preparou para, de novo,
duplicar o corpo e regressar à vertigem do beijo.

Mas ela o fez parar.

Só queria um beijo.
Um único beijo para chorar.

Há anos que não pranteava.
E a sua alma se convertia
em areia do deserto.

Encantada,
ela no dedo recolheu a lágrima.
E se repetiu o gesto
com que Deus criou o Oceano.

Cascata

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Nascido em uma pequenina fonte,

O pequeno fio d’água se libertou

E seguiu seu caminho de liberdade,

em busca de um mundo desconhecido

sonhando a grande vida que teria.

Juntou-se a outros pequenos e iguais

Tornou-se forte, líder poderoso.

Chegando na ponta de um penhasco

Não temendo a queda, atirou-se

E desceu formando linda cachoeira

Enquanto brilhava na vertiginosa descida

Sentiu-se grande, feliz, realizado

Mas tragado no grande rio que havia

Ao pé da cascata de prata e espumas

Não sobreviveu para realizar

Seus sonhos dourados de grandeza.

Pois seu destino não era ser grande

Mas apenas correr sobre os montes

E morrer em sua gloriosa queda…

39º dia – o tempo e a quarentena

Estamos hoje no trigésimo-nono dia de confinamento, portanto, amanhã serão quarenta dias que a população do país foi posta em isolamento social horizontal. Sem dúvida, uma verdadeira quarentena. Ainda que não tenha atingido 100% dos brasileiros, uma grande parcela dos brasileiros se encontra recolhida em seus lares. Mesmo porque lojas, shoppings, bares, restaurantes, academias etc., se encontram fechados.

Não tenho dados para avaliar se essa política de saúde alcançou a finalidade, de diminuir a incidência de contaminação pelo covid 19, se “achatou a curva”, se teve algum proveito. E não quero esse conhecimento. Estou analisando esse fenômeno do ponto de vista das pessoas confinadas.

E como estão essas pessoas?

A maioria em uma “montanha russa” de emoções.

De início, a maioria não acreditava que isso passaria de dez dias. Portanto, seria fácil acatar a decisão.

Mas não aconteceu. O isolamento virou bandeira política e desafio ao poder federal, e foi sendo prorrogado. O isolamento teve início ainda no verão. Estamos em pleno outono, ainda isolados.

Para a população mais favorecida economicamente ou que continua a receber seus salários, tem despensa e geladeira abastecidas, é servida por delivery quando deseja comida mais diferenciada, o isolamento está sendo período de férias em casa.

Existe, entretanto, o outro lado – todos aqueles que perderam ganhos, perderam empregos, viviam do ganho do dia, estão sem alimentos, sem futuro, e o desespero está batendo.

Mas vejo há traços comuns a todos – jovens, idosos, ricos, pobres… pontos que estão presentes na vida de todos.

Por exemplo, ninguém sabe a data. Ninguém. Nem a hora.

Simplesmente, para todos as pessoas que estão em segregação, o tempo perdeu a importância. Todos os dias são exatamente iguais, e não há mais dia e noite. Interessante se constatar que a maioria mudou inclusive seus hábitos, dormindo muito mais tarde do que o horário de costume e se levantando bem mais tarde.

Não há por que se levantar cedo, a não ser que se queira ter mais tempo de não fazer nada.

Concluo, então, que nossos conceitos de tempo se perderam.

Outro ponto interessante é a falta de interesse, seja lá pelo que for. Pessoas que queriam ficar em casa para realizarem algumas tarefas, não as realizam. Simplesmente, passam o dia em completa inutilidade. Vendo televisão, navegando na internet, sentado olhando para a parede…

Há notícias do aumento no consumo de bebidas alcóolicas. Não duvido. A maioria das pessoas passa muito tempo fora de casa. Chega para jantar, aproveita para um drink ou um vinho e vai dormir. Quando, por qualquer motivo, passa o dia em casa em algum final de semana, geralmente aproveita para comer, beber e dormir.

E agora, todos estão em um verdadeiro fim de semana em casa, portanto a rotina é essa: comer, beber e dormir.

E, fatalmente, o aumento na ingestão de álcool tem gerado aumento na violência doméstica, um círculo vicioso que conhecemos…

Dominados, na verdade, pela preguiça, todos estão se desacostumando de responsabilidades.

Um dia, fatalmente, essa situação vai mudar. Tão de repente como surgiu, o vírus estará dominado. E aí, o que acontecerá?

A realidade do país não será mais a mesma que deixamos do lado de fora da porta de nossa casa quando entramos e trancamos há mais 40 dias…

Quanto do comércio não reabrirá? Quantos empregos não existirão mais? O que acontecerá com a população que “carrega o piano” para os políticos existirem?

Quantos afetos estarão perdidos? Quantas relações rompidas?

Só o tempo dirá, mas, o mais intrigante: o tempo vai voltar? Ou o perdemos para sempre?