Mon âme a son secret, ma vie a son mystère.
(A.-Félix Arvers)
Os segredos de cada um. De cada alma. De cada amor…
Pelo menos uma vez na vida cada um de nós guarda um segredo. Quanto mais inconfessável, mais secreto. Quanto mais segredos, mais perigos. Sejam os próprios, sejam os alheios.
Embora se diga que um segredo só existe enquanto apenas uma pessoa o conhece, temos de admitir que algumas pessoas não conseguem manter um segredo. Têm uma necessidade inexplicável de confidenciar.
Outras, no entanto, guardam seus segredos não como mistérios, mas como verdadeiros tesouros, sabendo que baú aberto não se presta a isso. E acabam sendo depositório dos segredos alheios. E, da mesma forma que não revelam os próprios, são capazes de morrer carregando segredos alheios. Jamais traem a confiança de quem foi capaz de se abrir e trazer o que de mais escondido tinha na alma.
Saber guardar segredos e, portanto, uma forma de lealdade.
E, se alguém não é capaz de ser leal consigo mesmo, com quem o será?
Para Racine, não há segredo que não seja o tempo não revele.
Pode ser. Mas não exatamente o tempo. Algumas pistas, algum fio solto no passado…
Ou mesmo uma forma de vingança.
Porque revelar segredos alheios, ou os próprios, mas que envolvam terceira pessoa, é uma forma de vingança. Cruel. Cortante.
Ser traído dessa forma é ser apunhalado.
Não há dúvida que o segredo – ainda que desconhecido, apenas suspeitado – desperta uma curiosidade incontrolável. Especialmente nos fofoqueiros profissionais.
E não revelar é, também, uma forma de vingança contra essas pessoas inconvenientes.
Se eu tenho segredos? Sim. E Muitos. Meus. Alheios. Que envolvem outras pessoas…
Mas nem sob tortura eu os revelo. Nenhum. Não dou pistas. Recolho todas as pontas exatamente para que não possam ser puxadas. São tantos, tantos… mas estão aqui, trancados na minha alma, nos mistérios da minha vida…