Poesia da casa – Portas abertas (Memória, 03.06.2019)

Quero portas abertas
Quero janelas destrancadas
A alma escancarada
A vida sem medida
Na hora em que o amor vier
Entrará sem mesmo bater
E se a paixão transbordar
O sorriso a acolherá
 
Quero brisas outonais
Que espalhem as folhas secas
Com seus ruídos do passado
Quero sol de primavera
Que me traga um cheiro de flores
E as lembranças da infância
Com gosto de doces caseiros
Feitos em fogão de lenha
 
Quero calor de verão
Sobre a areia da praia
Um mar de poucas ondas
E paz de velas bem rizadas
Quero a intensidade do inverno
Com frio na medida certa
Um bom copo de vinho
E aconchego de um abraço
 
Quero ouvir música dos anjos
No vento que me acaricia
O murmúrio suave da água
Na gotas da chuva que cai
E sentir a pele se entregar
À suavidade do sol da manhã
Comungar os dons da natureza
Partilhando a beleza de viver
 
 Quero o altivo voo das águias
Por sobre todas as cordilheiras
Quero a paz de um colibri
Quando encontra a flor buscada
Quero ouvir os sons da música
Que a andorinhas compõem nos fios
Quero escrever toda a poesia
Que só o amor pode construir
 
E, depois de viver tudo isso
Se alguém me perguntar
Como pude viver tão intensamente,
Direi pergunte à paixão, ela que me fez assim
Porque ela me fez tanto amar
E me fez assim tão feliz,
Só ela poderá responder
E ela dirá então: encontrei as portas abertas...

(Imagem: Pinterest)