Aprendi amar a música erudita em meus anos de conservatório.
Tenho fases, e em cada uma elejo um compositor preferido para ouvir. Cada um tem sua magia, sua perfeição, sua característica marcante.
Mas há um cuja música me eleva, tira-me do chão, deixa-me em alfa e em êxtase: Frederic Chopin.
Para mim sua música é completa, é linguagem angelical, é força, é beleza. Indescritível.
Tenho que a Fantasia Improviso é a música mais bonita já ouvida por um ser humano. Nenhuma outra a supera, nenhuma outra a alcança.
A força mágica que emana desta melodia é simplesmente a elevação da alma.
Ouça-a calmamente, na penumbra, olhos fechados e se deixe levar pelas frases perfeitas da música de Chopin. Você sentirá que saiu de seu corpo, que sua alma levitou por lugares desconhecidos e fabulosos. Uma experiência para jamais esquecer.
Dentre as Polonnaises é a “Heroïque” que considero a nº 01, com seu protesto contra o que se passava na distante pátria, o sofrimento de um povo subjugado integralmente traduzido em uma melodia cuja força atravessou as fronteiras e os séculos. Daí sua inegável perfeição. A “Military” também é linda, superior a 98% das composições existentes.
E os Nocturnos? Ah, os Nocturnos de Chopin, que melodias inigualáveis, sussurros dos anjos em nossos ouvidos… as Waltzs…. as Sonatas…
E a incomparável Marcha Fúnebre. Traz em si o peso da dor de uma despedida tanto inevitável quanto irreversível. Chora por si.
Não viveu muito o Chopin – a tuberculose, mal do século à época, o levou, como a tantos artistas de então.
Até essa morte se cobre de uma aura especial, que só vemos nos poetas e compositores que morreram de tal moléstia.
Uma vida curta, não muito feliz, atormentada, longe da família, dividido entre a fama – Paris – e a pátria/família – Polônia, até depois da morte.
Estive no nº 12 da Place Vendôme, onde ele morreu – na época ali funcionava a embaixada da Polônia.
Visitei seu túmulo no Père Lachaise em Paris.
Aqui foi enterrado seu corpo, mas não seu coração – extraído, furtado e clandestinamente levado por sua irmã para a Polônia, onde foi emparedado na nave da Igreja de Santa Cruz em Varsóvia.
Um dia ainda visitarei seu coração também – levarei o meu para bater próximo do seu.