Meu encanto

Foi um vendaval – um forte e quente vento de verão

Que se aproveitou de uma janela esquecida aberta

E subitamente adentrou neste velho coração

E trouxe dúvidas para a essa vida que estava certa

 

Não consegui contê-lo, e assim também não me contive

E se anoiteci na rotina de tantas tristezas antigas

Amanheci renovada, na paixão incontida

Reavivada no calor dessas lembranças amigas

 

Tsunami, temporal, sensações passadas

Desejo, saudade, palavras esquecidas

Torvelinho fatal do que estava resolvido

 

Fecho hoje com cuidado as janelas – agora já cerradas

E as cinzas, que esvoaçaram doidas, voltam, entristecidas

A cobrir de novo as brasas de um coração adormecido.