Esperança, fio invisível que nos sustenta e nos mantém vivos.
Como aquela sensação de prazer quando comemos tamarindo. Depois da acidez do primeiro bocado, vai ficando saboroso e deixa uma lembrança boa no paladar.
Assim é a esperança: depois da perda, o desespero ácido vai se desfazendo e se tornando a esperança – o gosto bom de se acreditar que tudo voltará um dia a ser como antes. Porque o desespero é desesperar e esperança é exatamente esperar.
A fogueira se apaga, mas brasas vivas ficam lá no fundo, cobertas de cinzas. A função da esperança é manter vivas essas brasas, e, na primeira ocasião, deixá-las tomar conta do coração e reaquecer a vida.
Viver só de esperança, porém, amarga a boca. Mas viver em estado de desesperança é morrer em vida.
Por isso a razão equilibra a emoção – alimentamos algumas esperanças e deixamos as outras, que mais machucam se não se concretizarem, desidratar e morrer.
Esperança são as flores das emoções, precisa ser cultivada, cuidada, para se manter viva. E precisamos dela para nos mantermos vivos.
A cada despertar, é a esperança que nos faz levantar e enfrentar mais um dia – se nada esperarmos, por que continuar vivendo e lutando?