Conversa com meu avô n°14

Pois é, vô, quanto tempo!!!!!! Ao mesmo tempo em que o tempo não passa desde que começou essa doença e até hoje não conseguimos voltar ao que era o nosso normal, o tempo está passando muito depressa… paradoxal. Mas verdadeiro.

Já passamos da metade do ano. Ontem foi feriado de Corpus Christi, e o senhor sabe, passou esse feriado, pode começar a desembaraçar os fios do pisca-pisca da árvore de Natal…

Eu sumi? Eu? E, por acaso, o senhor, tem vindo conversar comigo? O senhor não queria mais notícias daqui de baixo, alegando que eu só falava de tristeza, corrupção, crime… Mas sempre o senhor ensinou a falar a verdade sem rodeios, e aqui é só isso.

Na verdade, algumas alegrias acontecem na nossa abençoada família – mais um casamento, com uma linda festa, e mais quatro bebês neste ano. Nem sei o que seriam – filhos de seus bisnetos… Na linha que o senhor nos legou, a família continua crescendo.

Ah, o senhor quer saber da doença da pandemia (e depois eu que falo em coisas ruins, kkk) – pois é, o tal covid continua assombrando a humanidade.

Até três anos atrás, no outono, havia uma virose sazonal que atormentava principalmente as patroas e as mães de crianças pequenas – todo mundo “pegava virose”. Ia ao consultório de um sujeito paramentado de branco, que havia feito seis anos de medicina, dois de residência, mais dois de especialização e ele dizia: “é virose. Tome bastante líquido e faça repouso.” Nunca foi pedido um teste nem exame de laboratório.

Agora, o povo tem a mesma virose e a primeira coisa que o médico faz é pedir teste de covid.

E mais nenhum.

Se o virótico teve contato com o vírus, o teste de vírus vai confirmar a presença do vírus. Mas não afirmar que o paciente está com covid… mas já é considerado “covidoso” e, heroicamente, entra para as estatísticas do covid. Se fizer o teste da influenza vai dar também, se fizer do rotavírus, norovírus e o diabo-a-quatro.

Mas o pânico ainda domina e todo mundo acha lindo falar que está com covid.

É isso, vô, o que está acontecendo para fazerem de conta que a pandemia continua e assim lucrarem mais um pouco em cima da doença – que realmente existe e teve uma fase bem grave. Mas, por outro lado, nunca uma doença gerou tanto lucro para uma parcela do empresariado e uma miséria tão esparramada para a grande maioria da população.

A eleição? vai ter, sim. Em outubro. Mas o presidente e seus coligados ainda estão proibidos de fazer campanha. Só os adversários podem antecipar. Por isso o senhor não vê nem ouve nada dos candidatos mais sérios. Logo começará tudo.

Eu? não, vô, eu não vou me empenhar em nenhuma campanha, não estou disposta a continuar trabalhando em e com política. Minha vida está muito complicada para eu me envolver com isso. Eles que façam suas campanhas. Espero que não tenha facada desta vez.

Pela primeira vez em décadas, vou ignorar a política.

Claro que irei votar. Não estou falando em omissão. Mas em não-envolvimento com a campanha.

Está bem, se for preciso eu poderei colaborar em alguma campanha. Mas vamos esperar chegar mais perto das eleições e então conversaremos a respeito, pode ser?

Já? Como assim, já está tarde? O senhor anda muito ocupado aí do outro lado, pensei que passaríamos a tarde conversando hoje…

Está bem, eu vou esperar o senhor me chamar de novo qualquer dia destes para continuarmos esta conversa. Até…

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