Eletrificação rural espalha endemias, diz pesquisador. Uma série de levantamentos tem dado indícios de que a iluminação artificial perto de áreas selvagens contribui para espalhar doenças como malária, mal de chagas e leishmaniose. “Os ribeirinhos e os caboclos sabem que a luz atrai insetos”, diz o técnico em planejamento energético Alessandro Barghini, que concluiu o doutorado no Instituto de Biociências e prepara um livro sobre o impacto das lâmpadas na saúde pública. (Folha de São Paulo, 21.04.09)
O cientista está fazendo um estudo do impacto da eletrificação rural no âmbito das endemias, que é um efeito colateral desse progresso.
Verifica-se que a disseminação de males como a malária pode estar ligada a essa faceta do desenvolvimento, uma vez que no momento em que são instaladas lâmpadas em recantos cuja claridade sempre dependeu da luz solar, começam as mudanças nos hábitos dos insetos e seus predadores.
A luz próxima da residência do caboclo traz os insetos para a porta da casa, e dali para seu interior.
Os seres que sempre adormeceram no escurecer e despertaram no alvorecer já não conseguem mais distinguir dia e noite.
Pensando bem, a eletrificação não passa de uma praga nesses locais.
Nem mesmo é tão necessária. Para o essencial um gerador basta. Tem a mesma função. E por ter carga finita, é criteriosamente utilizado, sem desperdício.
Ah, dirão alguns, mas não dá para ligar uma TV. E para que, responderão outros: Para o caboclo descobrir que é infeliz porque não mora nos grandes centros urbanos, não convive em shoppings nem toma coca-cola, coisas que até então nunca lhe fizeram falta?
Para seus filhos serem expostos a um maciço bombardeio consumista que desperta nas crianças a insatisfação permanente pela vida, porque não sabem que ninguém pode ter aquilo tudo que a tv induz a possuir?
Para que percam os relógios biológicos, pois nas horas de escuridão a única coisa a fazer era dormir. E quando amanhecia, pular cedo da cama porque o tempo era curto até o próximo escurecer.
Agora a noite não tem escuro, então permanecem inutilmente acordados, roubando da saúde preciosas horas de sono reparador.
E aí vem o inevitável estresse, que desconheciam até então.
A eletrificação rural, menos que um benefício aos que ali moram e vivem da terra é uma interferência perniciosa no seu modus vivendi. Será que é progresso? Ou retrocesso? O tempo – senhor da razão – dirá.
E o pior de tudo é que em razão de iluminação artificial o caboclo vai perder um dos maiores espetáculos da natureza: a noite estrelada e o luar iluminando seu recanto.