Sim, há poesia na chuva. A água que docemente cai do céu, limpa o ar, renova a vida.
Há poesia na chuva. Que cai em gotas como se fosse o pranto celestial por essa humanidade ingrata e violenta.
Há a poesia de um guarda-chuva unindo dois corpos que caminham pelas calçadas da cidade, sem pressa, sem preocupação, celebrando o amor.
Há poesia no corpo preguiçoso, que escolhe a tarde de chuva para ficar na rede da varanda, vendo os pingos correrem pelos telhados, ouvindo o doce murmúrio nas calhas e condutores.
Há poesia no canto dos pássaros que celebram a chuva e ávidos esperam que ela acabe para buscarem os bichinhos que surgirão nos gramados.
Há poesia no barulho gostoso e ritmado das gotas nas janelas.
Há poesia no cheiro da chuva que invade as narinas e nos remete a verões antigos, cozinhas toscas, fornos de lenha.
Há, ainda, poesia na chuva, que deixa, atrás de si, o radioso rastro de um lindo arco-íris…