A verdadeira estória do cravo e a rosa

– Demorou, hein? Se eu não encontrasse essa sacada para ficar embaixo estaria completamente molhado da chuva, faz quase uma hora que estou aqui esperando!  

– Desculpe-me, mas o compromisso atrasou, os convidados demoraram a sair e não podíamos desfazer a ornamentação… 

– É, esqueci que lugar de gente chique não termina nunca na hora marcada como os enterros, sempre tem mais um champagne, um foie gras…

 – Vai começar de novo? Já estou ficando cheia dessa sua conversa todas as vezes que nos encontramos. Nada posso fazer se sou uma rosa que tem compromissos tão sofisticados. É meu trabalho. 

– Ah, sim, esqueci que você é de um roseiral especial, onde ervas daninhas e outros afins nem podem chegar perto, por isso temos que nos encontrar nas esquinas… 

– Hoje você está atacado. Por que? Está com medo que eu pergunte onde você esteve ontem? E anteontem? Eu já sei…

– Ah, é? E onde eu estive?  

– Em um buquê, com margaridas, cravinas, prímulas… to sabendo de tudo…E anteontem em  uma coroa, com margaridas, flores do campo e sua ex, aquela insuportável dália …

– Quem te contou? A prímula rosa? Vou acabar com a raça dela… 

– Não foi ela. Foi o crisântemo. 

– Só podia ser. Fofoqueiro invejoso. E vive arrastando as folhas para você. Pensa que eu não percebo… 

– Nem fofoqueiro nem invejoso. Pelo visto é verdade. 

– Invejoso sim, ele quer envenenar você comigo, para ficar com você. Diz que é um absurdo uma rosa tão fina como você namorar um reles cravo como eu. 

– Não tem nada a ver. Você está procurando desculpas para brigar comigo. 

– Bem chega de conversa e vamos que estão nos esperando para o novo canteiro. 

– Sinto muito mas não poderei ir. 

– NÃO???? Você vai nem que seja à força, ou está com vergonha de ser vista comigo? 

Pegou-a pelos espinhos e sacudiu-a com violência. 

– Pare, me largue, você está me machucando, olhe o que fez com minhas pétalas, estão despedaçadas…

 – Ai, olhe minhas pétalas, olhe minha beleza, minha classe, meu perfume… você só pensa em você, estou cheio….

 Ele a soltou e ela caiu. A rosa gemeu.

 – Some de minha vista, seu nojento, porco chauvinista, egoísta, você só pensa em você e em seu complexo de inferioridade, Não tenho culpa se você não passa de um cravo sem eira nem beira, nem sei como fui me apaixonar por você. 

– Para, que você está indo muito longe, isso me machuca… 

– Machuca, é? Vai lá ver se as cravinas e a dália não curam sua feridinha. Para mim está tudo acabado. Fim. Ponto final. Você me despetalou inteira e tenho um coquetel para ir agora.

 – Vai pro seu coquetel e aproveita para ir pro meio do inferno também. Garanto que saio mais ferido que você desta conversa idiota. 

Virou-se e foi embora para um lado, enquanto a rosa, chorosa, tomava outro caminho. E foi assim que 🎼🎵O cravo brigou com a rosa 🎵/ 🎶🎶Debaixo de uma sacada, 🎵/ 🎶O cravo saiu  ferido, 🎶/ 🎵🎶E a rosa despedaçada🎶🎶🎵

 

4 comentários em “A verdadeira estória do cravo e a rosa

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